
Outubro Rosa é uma campanha, cujo principal objetivo é conscientizar as mulheres a respeito da necessidade de exames periódicos e tratamento precoce da doença. Quanto mais cedo for descoberto o diagnóstico, com a doença em estágio inicial, maior as chances de cura, e nesse sentido, fazer os exames periódicos é fundamental.
Mas porque é importante ter um acompanhamento psicológico com esses pacientes? E quando deve ter início?
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define a saúde como um estado completo de bem estar físico, mental e social do ser humano, e bem ao contrário do senso comum, que relaciona o termo a ideia de ausência de doenças.
Somos seres biopsicossocial e todas as dimensões de saúde devem ser consideradas e estar em equilibrio, não se pode tratar um pessoa, levando em conta apenas uma dessas dimensões, portanto quando uma pessoa é diagnosticada com câncer, sua sanidade mental deve ser levada em conta.
Isso quer dizer que o biológico, psicológico, o social e o espiritual “andam” juntos e que quando um desses adoece, todos sofrem impacto, e acredite que muitas doenças começam na mente, de situações que geraram emoções e que não foram tratadas, seja por desconhecimento ou medo.
Aquilo que as pessoas não resolvem no emocional, psicológico, nosso corpo pode “gritar” em sintomas.
Cuidar do paciente e da família, requerer a assistência de uma equipe de saúde, que considere os aspectos biológicos, psicológicos e sociais que influenciam um paciente, sua doença e seu processo de cura, e felizmente, isso tem sido uma meta do serviço de saúde multidisciplinar.
Quando um paciente é diagnosticado com câncer, junto vem um misto de sentimentos, sensações, crenças e conceitos baseados em histórias de fracasso ou de sucesso.
E não é só o paciente que fica impactado, seus familiares e amigos também, e geralmente, o medo de não conseguir vencer a doença, e os efeitos colaterais do tratamento do câncer, são as preocupações iniciais, e em alguns casos, associados com dor, sofrimento e morte.
Mesmo com os significativos avanços da medicina para tratar o câncer, ainda é comum que as pessoas visualizem um cenário caótico, negativo, o que potencializa a sensação de insegurança, desamparo e luto.
Nesse sentido, o autoconhecimento é fundamental nesse processo todo, entender como reage frente as situações desafiadoras na vida é fundamental.
Compreender e assumir o momento, as fragilidades, as emoções que envolve as fases da doença, e por isso, a assistência e orientação de um especialista em saúde mental é tão importante.
O acompanhamento psicológico durante o tratamento oncológico, auxilia no bem-estar emocional, mantendo um olhar mais positivo, otimista e ajudando nas perspectivas de cura.
A percepção sobre si mesmo neste processo doloroso, muitas vezes longo, encoraja a enfrentar o tratamento e todos os procedimentos envolvidos.
A busca pelo apoio psicológico por parte dos familiares também é bem-vindo, uma vez que todos estão vivendo a doença de maneira direta ou indireta, em alguns casos, tendo que reestruturar a vida.
Outro fator que gera impacto emocional nos familiares é ter que enfrentar seus medos em relação futuro do ente querido, e o receio de adoecer também. Ter suporte emocional é interessante pois os mais próximos já que eles serão “peças essenciais” para o enfrentamento da doença.
Infelizmente ainda há muito preconceito por parte de alguns pacientes e familiares, que não acreditam na eficácia do apoio psicológico, e que a questão é apenas física, e já vimos que não é bem assim.
É fato que existem casos em que o paciente sente conforto emocional apenas com a rede de apoio dos familiares e dos amigos, mas em outros, sem ajuda psicológica o caso fica mais complexo, podendo desenvolver ansiedade e depressão, problemas de autoestima e a dificuldade de aceitar as mudanças.
O profissional vai ajudar a pessoa a respeitar seus momentos de pavor, indignação, revolta, desanimo, que fazem parte, e levá-la a transformar suas dores em força, para que ela possa sair muito mais empoderada ao final do processo.
No que se refere ao quadro de câncer de mama, a questão emocional tem um agravante, pois há a retirada de parte ou total do seio, resultando em muitas angústias ligadas à autoestima da mulher, como a feminilidade, maternidade e sexualidade, e muitas sentem-se mutiladas e se fecham para a vida.
A atenção psicológica vai auxiliar essa mulher no processo de autoaceitação, na capacidade de se enxergar além dos seios e se amar.
Aceitar sua nova condição e adaptar-se à nova imagem corporal exige um esforço grande para o qual, muitas vezes, a mulher não está preparada e, por isso, ela precisa de um apoio de alguém que esteja próximo e seja confiável.
Não sofra sozinho!
Se precisar, busque ajuda!