É fato que a ansiedade tem sido a maior vilã no que se refere ao adoecimento mental no mundo todo, mas infelizmente, o Brasil é conhecido por ter a maior prevalência de transtornos de ansiedade do mundo.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), temos aproximadamente 9,3% da população sofrendo de ansiedade patológica em nosso país.
Um levantamento do Ministério da Saúde mostra que atendimentos relacionados a transtornos de ansiedade no SUS aumentaram quase 2.500% entre crianças de 10 a 14 anos.
Foram 1.850 atendimentos em 2014 frente a 24,3 mil no ano de 2024. Já na faixa entre 15 a 19 anos, o avanço foi ainda mais acentuado, com o resultado de mais de 3.300%, com um salto de 1.534 atendimentos, em 2014, para 53.514 no último ano
Esses dados são assustadores e levanta um sinal de alerta com a pergunta: Por que o Brasil tem a população mais ansiosa do mundo?
Quais são os principais fatores que desencadeiam a ansiedade nas pessoas?
Fatores Sociais e Econômicos
Um dos principais fatores é a alta taxa de violência no país, onde muitas pessoas saem de casa com o receio de serem assaltadas, gerando um constante estado de alerta e ansiedade.
Outro ponto é a questão do desemprego e as recorrentes mudanças econômicas que também contribuem para o aumento dos níveis de ansiedade.
Quando falamos dos transtornos de ansiedade entre crianças de 10 a 14 anos, os fatores estão ligados ao uso excessivo de telas, que não apenas reduz o tempo de interação social e atividades físicas, mas também expõe as crianças a conteúdos inadequados e nocivos.
Outro ponto a ser considerados são as pressões escolares, como a alta expectativa de desempenho acadêmico, pode gerar um estresse considerável.
Para os jovens de 15 a 19 anos, a pressão social desempenha um papel crucial no desenvolvimento de transtornos de ansiedade. A busca incessante por aceitação, a influência das redes sociais e a necessidade de se conformar aos padrões elevados podem gerar um nível significativo de estresse.
Além disso, a transição para a vida adulta, com preocupações relacionadas ao futuro, escolhas de carreira e independência, contribuem para a ansiedade.
A pandemia de COVID-19 teve um impacto significativo na saúde mental das pessoas. O isolamento social, o medo de infecção e a perda de entes queridos foram fatores estressores que levaram ao aumento dos transtornos de ansiedade e depressão.
Segundo Antônio Geraldo da Silva, presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), “o estresse sem precedentes causado pelo isolamento social e as restrições à capacidade das pessoas de trabalhar foram grandes contribuintes para esse aumento”.
Não podemos desconsiderar os fatores biológicos e genéticos também têm um papel importante, especialmente durante a adolescência, quando ocorrem mudanças hormonais significativas.
A falta de acesso a serviços de saúde mental de qualidade é outro problema significativo, impedindo que muitas pessoas recebam o tratamento necessário, nesse sentido, é fundamental abordar esses problemas e promover a conscientização sobre a importância da saúde mental, melhorando o acesso a tratamentos e desenvolver políticas públicas que abordem as causas subjacentes da ansiedade
Importância de Buscar Ajuda Profissional
É crucial que as pessoas que sofrem de ansiedade busquem ajuda profissional. A automedicação pode mascarar os sintomas, mas não resolve a causa subjacente. Profissionais de saúde mental podem oferecer tratamentos adequados e suporte necessário para melhorar a qualidade de vida das pessoas afetadas.
O Brasil enfrenta um desafio significativo em relação à ansiedade, mas com a devida atenção e tratamento, é possível melhorar a situação.
A conscientização sobre a importância da saúde mental e o acesso a serviços de qualidade são passos essenciais para enfrentar essa epidemia de ansiedade.
