Todo mundo quando criança já ouviu a frase: Nunca fale com estranhos!!!!
Essa orientação acontece para as crianças e adolescentes quando saem de casa, e podem estar em lugares com pessoas que não fazem parte de seu convívio.
Esse cenário é propicio para acontecer situações que coloquem a vida física, o psicológico ou moral das pessoas mais vulneráveis.
Mas e quando o perigo está dentro de casa?
Na rotina acelerada da vida moderna, muitos pais enfrentam jornadas duplas ou triplas de trabalho, compromissos e pressões constantes. Em meio a essa correria, o celular acaba se tornando uma solução prática para entreter crianças e adolescentes, seja durante uma refeição, no carro ou em casa enquanto os adultos precisam dar conta das tarefas.
E com isso, crianças e adolescentes estão cada vez mais conectados ao mundo digital. Não se pode negar os vários benefícios da tecnologia, como acesso à educação, diversão e comunicação, principalmente durante a pandemia, essa conexão ajudou muito, o que inclusive deu um novo olhar aos diversos tipos de relacionamentos existentes dentro e fora das telas.
Apesar de parecer inofensivo, esse uso frequente e sem supervisão traz consequências importantes para o desenvolvimento emocional e social dos jovens.
O excesso de tempo diante das telas vai substituindo as interações reais, como conversas em família, brincadeiras e convivência com outras crianças, e com o tempo surgem impactos diretos nas relações interpessoais, como dificuldade em se comunicar, lidar com frustrações ou manter vínculos afetivos.
Um outro ponto relevante, é que o excesso de estímulos digitais pode afetar a saúde mental, contribuindo para quadros de ansiedade, baixa autoestima, distúrbios de sono e sensação constante de comparação, especialmente nas redes sociais, onde tudo parece perfeito.
Mas é fundamental considerar que as relações virtuais levam também a um lado sombrio que muitas vezes é desconhecido ou ignorado.
Existem inúmeros riscos no universo digital: conteúdos impróprios, cyberbullying, exposição excessiva da imagem, desafios perigosos, manipulação de dados e o contato com desconhecidos.
Crianças e adolescentes, por estarem em fase de formação, são mais vulneráveis e muitas vezes não têm maturidade emocional para lidar com essas situações sozinhos.
Por isso, mais do que restringir, é essencial que os adultos acompanhem, orientem e estabeleçam limites saudáveis para o uso da tecnologia. Promover momentos de presença, escuta e conexão no dia a dia, por menores que sejam, faz toda a diferença na construção da segurança emocional e do senso crítico dos jovens.
Uma matéria recente do Programa Fantástico – Show da Vida, da TV Globo, trouxe à tona um caso que ilustra bem essa questão. A reportagem destacou a história de famílias que enfrentaram a dor de perder seus filhos após eles serem vítimas de cyberbullying intenso, combinado com a pressão nas redes sociais para alcançar padrões irreais de beleza e sucesso.
Especialistas entrevistados alertaram para os sinais que pais e responsáveis devem observar, como mudanças de comportamento, isolamento social e aumento no uso de dispositivos eletrônicos.
Não tenha medo de estar sendo invasivo na vida do seu filho ao acompanhar seus conteúdos virtuais, provavelmente você não deixaria que ele estivesse sozinho numa região perigosa. Privacidade tem limite e não pode ser generalizada a todas as idades.
Tenha curiosidade em saber o que ela gosta de ver, porque está tão mais divertido estar nas telas do que em qualquer outro lugar. Faça isso demonstrando curiosidade e não criticando.
Tenha uma conversa clara sobre os perigos existentes no mundo virtual, não tenha receio desse diálogo, proteja seu filho virtualmente como faz na realidade: Não fale jamais com estranhos!!!!
Infelizmente, não existe uma legislação que obrigue as plataformas ter uma ação mais incisiva, contra esses crimes, e diante disso, a função de proteger as crianças e os adolescentes no mundo virtual é das famílias.
É fundamental que pais, educadores e a sociedade como um todo trabalhem juntos para garantir que as gerações mais jovens possam aproveitar a tecnologia de maneira saudável e segura. A conscientização é o primeiro passo para prevenir que tragédias aconteçam.
Cuidar do tempo de tela é também uma forma de cuidar do vínculo, do afeto e da saúde mental de quem a gente ama.